sábado, 16 de abril de 2016

Assista o naufrágio do Titanic em tempo real

No dia 14 de abril de 2016, há exatos 104 anos do início do naufrágio do Titanic, o canal da Titanic: Honor and Glory incluiu em sua lista de vídeos um filme no mínimo interessante: o afundamento do Titanic em tempo real - e com informações (em inglês) do que ocorreu ao decorrer do naufrágio.

O projeto Titanic: Honor and Glory foi lançado em novembro de 2012 e consiste em um jogo para computador, na plataforma da Unreal Engine 4. O jogo ainda está em desenvolvimento, mas promete ser o mais fiel e real game relacionado ao Titanic que já existiu.

Enquanto o jogo em si não é lançado, vários vídeos e imagens são postados nas redes sociais do projeto para poder divulgar o jogo e a história do Titanic. Após um período longe das atividades, neste dia 14 de abril os responsáveis pelo projeto postaram no YouTube um vídeo de 2 horas e 40 minutos, na qual todo o naufrágio do Titanic é mostrado e narrado por legendas em tempo real. O vídeo - somente em inglês - passou das 150 mil visualizações em menos de dois dias.

Pegue a pipoca e o assista logo abaixo:



Momentos cruciais do naufrágio no vídeo:


ACONTECIMENTOS               HORA NO NAUFRÁGIO                TEMPO NO VÍDEO
Choque com o iceberg                                  23h40                                                       1:04
Primeiro pedido de socorro                          00h25                                                     46:23
Botes sendo preparados                                00h38                                                    59:02 
Primeiro bote lançado                                   00h40                                                 1:01:30
Primeiro foguete disparado                           00h47                                                 1:08:07
Carpathia responde o Titanic                        00h49                                                 1:10:27
Orquestra começa a tocar                             00h58                                                  1:19:12
Bote 6 é lançado com 23 pessoas,                01h10                                                  1:31:32
incluindo Margaret Brown
Oficial Lowe atira com sua arma                  01h26                                                 1:47:17
Bote 13 cai na saída de esgoto                      01h44                                                 2:05:21
Benjamin Guggenheim diz suas
últimas palavras: "estamos prontos               01h46                                                 2:08:10
para morrer como cavalheiros".
Bruce Ismay embarca num bote                    01h59                                                 2:20:48
Último bote é baixado por turcos                  02h05                                                 2:26:14
Últimas mensagens do Titanic                       02h08                                                 2:29:44
são ouvidas (incompreensíveis)                    
Desmontável B vira no lançamento               02h11                                                2:32:29
Primeira chaminé cai                                     02h14                                                2:35:14
Titanic se parte em dois                                 02h18                                                2:39:23
Titanic desaparece do Atlântico                    02h20                                                 2:40:35

Erros históricos no filme Titanic de James Cameron

O filme "Titanic", dirigido por James Cameron e estreado nos cinemas americanos em Dezembro de 1997 é com certeza um dos maiores sucessos do cinema e o responsável por grande parte do interesse que existe ainda hoje na história do navio.

Embora o filme se centre mais na parte fictícia da história, os detalhes que usaram para reproduzir navio são de uma qualidade que nenhum outro filme anterior (e posterior) a ele conseguiu chegar perto; porém nem tudo condiz com a realidade. Nesse post veremos quais foram os erros do filme em relação ao Titanic.

1. Construções no porto

Nessa cena do filme Titanic, o hotel South Western House é visto ao fundo do porto,
do lado bombordo de onde o Titanic está ancorado. Construções como essa e o bar onde Jack 
venceu o jogo de pôquer nunca poderiam ter existido neste local.
Logo no começo da história de volta a 1912, a primeira cena mostrada é a do embarque de passageiros no porto de Southampton, Inglaterra. Um desses passageiros é a Rose, que junto com sua família e empregados embarcam no navio. Durante a ida deles do porto até o navio, é possível ver ao fundo construções, cuja uma delas remete ao South Western House, um hotel onde vários passageiros da primeira classe e oficiais do Titanic se hospedaram até o dia da partida (incluindo o capitão E.J. Smith). O erro é que o hotel não ficava ali, mas na direção traseira de onde o Titanic estava ancorado; na realidade não existia qualquer construção daquele tipo daquele lado do porto, apenas pequenos edifícios que faziam parte do complexo portuário.


Outro prédio que aparece na mesma direção é o bar onde Jack ganhou a partida de pôquer e o bilhete de embarque para o transatlântico. Esse bar nunca poderia ter existido ali, assim como o hotel, pois naquele local só havia obras que faziam parte das docas (que por sinal não eram tão largas a ponto de conseguirem abrigar construções como essas a uma distância tão grande do mar). É possível notar isso vendo uma fotografia aérea do porto:

2. O clássico Renault

De fato, uma das mais belas cargas que o Titanic carregava em seus porões era o clássico Renault Coupé de Ville, de propriedade de William Ernest Carter, um passageiro da primeira classe. 

Porém, em uma das primeiras cenas do filme é mostrado este carro (recriado especialmente para as gravações) sendo içado ao navio no mesmo momento em que os passageiros embarcam - o que não foi o que aconteceu. 

Parte da primeira cena em 1912 no filme mostra o famoso carro sendo posto no navio junto
com os passageiros - na realidade, o veículo já estava junto com as cargas 6 dias antes.
O automóvel só foi colocado no interior do Titanic 6 dias antes do dia da viagem, ou seja, no dia 4 de abril. Outro ponto interessante é que não se sabe ao certo se o carro estava desmontado ou montado dentro dos porões. O manifesto de carga do Titanic indica o automóvel como "1 CS AUTO" (1 caixa de automóvel), porém isso é tudo o que se sabe a respeito.

3. Cabine G-60

Logo após a partida do navio no porto de Southampton, é mostrado Jack e seu companheiro, Fabrizio, se alojando na cabine de número G-60, que no caso deveria ser ocupada por Sven e Olaf caso eles não tivessem perdido a aposta no jogo de poker. Acontece que essa cabine não existia no navio. 

As cabines numeradas com a letra G ficavam na popa do navio (as cabines iam da G-1 até a G-41), e apenas famílias e mulheres sozinhas poderiam se alojar nelas, enquanto que os homens solteiros (que era o caso de Jack e Fabrizio) se alojavam na proa, em cabines numeradas sem a letra G.

O quarto de número 60 se localizava no convés E, dois conveses acima, e era uma das cabines de primeira classe que poderiam ser usadas também como de segunda, mas não de terceira.

4. Margaret "Molly" Brown

À esquerda - fotografia real da milionária Margaret Brown, 1909; à direita -
Brown sendo representada em Titanic por Kathy Bates, 1997.
Quando o navio desce suas âncoras em Cherbourg, embarca no Titanic Margaret Brown, uma peculiar passageira da primeira classe e uma das personagens do filme. Rose narra que ela e sua mãe a chamavam de "Molly", porém Brown só começou a ser chamada deste jeito após sua morte, em 1932, sendo este um apelido póstumo.

5. Passageiros no castelo de proa 

Uma das cenas mais notórias e icônicas do filme (e do cinema) com certeza é a cena do "I'm the king of the world!", interpretada por Jack e Fabrizio bem na proa do navio. Porém essa cena nunca poderia acontecer na realidade, juntamente com a cena mais famosa de todo o filme - cuja fala "I'm flying, Jack!" interpretada por Kate Winslet é o ponto central - isso porque o acesso de boa parte do convés do castelo de proa do Titanic era proibido para passageiros a fim de impedir que eles acabassem se ferindo, afinal nesta parte do navio havia guindastes, âncoras, correntes e outras ferramentas pesadíssimas e perigosas. 

A placa com os dizeres "AVISO: PASSAGEIROS NÃO SÃO PERMITIDOS A PARTIR DESSE PONTO" informava as pessoas a não ultrapassarem o quebra-mar.
Uma placa localizada no quebra-mar do navio avisava que o limite para passageiros era ali, portanto somente a tripulação tinha autorização para ultrapassá-lo.

6. Almoço no Palm Court

Acima, foto do Palm Court do Olympic; abaixo, o mesmo lugar
reproduzido no filme de James Cameron
Rose é mostrada almoçando junto com sua mãe Ruth, Margaret, Cal, Bruce Ismay e Thomas Andrews em uma mesa do Palm Court, uma cena totalmente improvável de ter acontecido em 1912. 

O Palm Court era uma grande sala do estilo "café" localizada na popa do navio, aonde eram servidos somente lanches rápidos e refrescos aos passageiros da primeira classe. Quem quisesse uma refeição completa teria que ir em um dos outros três refeitórios do navio: o Salão de Jantar, o Restaurante A La Carte e o Café Parisiense. 

Outra gafe relacionada a isso é o tamanho das mesas. No filme, a mesa em que o pessoal da Rose almoça é bem maior das que existiam no Palm Court do navio, como mostrado ao lado.

7. Jack vai para a primeira classe

As leis sanitárias da época eram extremamente rígidas, e proibiam a mistura de classes em embarcações, seja qual for a circunstância. Em hipótese alguma um passageiro de terceira classe, como o Jack, poderia passear pelo convés de passeio, comer no Salão de Jantar, e nem visitar cabines de primeira classe, nem mesmo convidado por um passageiro de lá. 

8. O piano e os abajures 

Durante a refeição no Salão de Jantar da primeira classe é visto em todas as mesas um abajur no centro das mesmas, um objeto que na realidade nunca existiu nestes locais. A foto ao lado é a única foto do Salão de Jantar do Titanic que se tem notícia, em pleno serviço da refeição. Veja que há poucos objetos decorativos nas mesas, e nenhum deles inclui um abajur.

No momento do jantar também é possível ver e ouvir os músicos tocando seus instrumentos, incluindo o piano do Salão, porém esse piano só foi usado uma vez, e foi durante a missa na manhã de 14 Abril.

9. Impedidos pelos portões

Elevador para uso da tripulação no Olympic, irmão-gêmeo do Titanic. Havia
também portões como esse nos três elevadores da primeira classe,
localizado atrás de um outro portão, para a segurança dos passageiros.
Sem dúvida um dos maiores mitos que o filme de Cameron ajudou a espalhar é o de que os passageiros da terceira classe ficaram presos dentro do navio por inúmeros portões pantográficos trancados. O fato é que esses portões nunca existiram em tamanha quantidade no navio.

Pelas rígidas leis sanitárias da época, havia áreas bem separadas entre as terceira, segunda e primeira classes, mas essas separações dentro do navio eram feitas por paredes e portas que somente a tripulação poderia abrir, não com os portões que o filme "Titanic" mostra abundantemente.

Na realidade os únicos portões pantográficos existentes no navio ficavam nas áreas de acesso da tripulação (onde não havia tráfego de passageiros) e nos elevadores do navio, como mostrado na imagem acima.

As causas da morte de grande maioria dos passageiros da terceira classe foram a distância de onde se encontravam até o convés dos botes (muitos passageiros ficavam a mais de 7 conveses abaixo) e a falta de assistência da tripulação, além de que muitos deles eram imigrantes que não conheciam a língua inglesa, assim não conseguindo entender o que estava acontecendo no momento e não entendendo as instruções que lhe eram passadas.

10. "Desça o elevador até o final e vire à esquerda"

Quando Rose encontra Andrews e o pede instruções para chegar onde Jack está preso, ele a diz que é necessário pegar o elevador e descer até o Convés E e virar a esquerda, onde fica a passagem da tripulação. Acontece que se a Rose virasse à esquerda no navio real ela daria de cara com uma grande parede.

A imagem da esquerda faz parte do filme "Titanic", e a da direita faz parte do projeto "Titanic Honor and Glory", representando fielmente esta área do navio. Perceba que na realidade havia uma parede à esquerda dos elevadores, ao invés de um grande corredor, como mostra o filme.

Se não houvesse essa parede, os elevadores dariam acesso direto a "Scotland Road", um grande corredor de acesso da tripulação que ligava os dois extremos (popa e proa) do navio. Para acessá-lo, era preciso descer a grande escadaria da primeira classe e abrir uma porta de emergência à direita dela. O corredor também dava acesso ao salão de jantar da terceira classe.

11. Entre a terceira e quarta chaminés


Com certeza uma das cenas mais emocionantes do filme é a qual o Titanic é mostrado partindo-se em dois e desabando em cima de centenas de pessoas que lutavam para sobreviver na água congelante. Embora a cena represente um momento real, ao que tudo indica o navio partiu-se entre a segunda e a terceira chaminés enquanto afundava, não entre a terceira e a quarta como mostra o filme.

O mapa dos destroços no fundo do oceano deixa evidente que o navio foi separado bem na metade de seu comprimento durante o naufrágio:

O mapa dos destroços da proa explicitam que o navio se partiu em dois logo
após a segunda chaminé, não após a terceira.
Em 2012 dois documentários (100 Anos de Titanic por James Cameron, da National Geographic, e Titanic: Mistério Resolvido, do The History Channel) apresentaram em seus conteúdos simulações mais atuais do naufrágio, dessa vez mostrando o Titanic se partindo entre a segunda e a terceira chaminés. Veja-as (em inglês): 

Simulação da National Geographic:


Simulação do The History Channel:

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

The Sinking of the Titanic and Great Sea Disasters: Capítulo I

CAPÍTULO I

PRIMEIRAS NOTÍCIAS DO MAIOR DESASTRE MARÍTIMO DA HISTÓRIA

Como um relâmpago em um céu claro veio a mensagem sem fio na segunda-feira, 15 de Abril de 1912, que na noite de domingo o grande Titanic, em sua viagem inaugural através do Atlântico, atingira um gigantesco iceberg, mas que todos os passageiros estavam a salvo. O navio havia sinalizado seu desespero e outra vitória foi anunciada pelo telégrafo. Duas mil e cem vidas salvas!

Notícias complementares foram logo recebidas de que o navio havia colidido com uma montanha de gelo no Atlântico Norte, ao largo de Cape Race, Newfoundland, às 22h25 da noite de domingo, 14 de Abril. Às 4h15 da manhã de segunda-feira a Agência Marítima do Governo Canadense recebeu uma mensagem sem fio de que o Titanic estava afundando e que os navios o rebocando estavam tentando levá-lo para um banco de areia próximo a Cape Race, com o propósito de encalhá-lo.

Outras mensagens sem fio até o meio-dia de segunda-feira disseram que os passageiros do Titanic estavam sendo transferidos a bordo do navio Carpathia, um Curnarder, que deixou Nova York em 13 de Abril, com destino a Nápoles. Vinte botes carregados de passageiros do Titanic disseram ter sido transferidos, permitindo quarenta a sessenta pessoas em cada bote salva-vidas, algumas 800 ou 1.200 pessoas já haviam sido transferidas do danificado navio para o Carpathia. Eles foram relatados como sendo levados para Halifax, donde deveriam ser enviados por trem para Nova York.

Outro navio, o Parisian, da Allan Company, que partiu de Glasgow para Halifax em 6 de Abril, foi dito estar por perto e ajudando no trabalho de resgaste. O Baltic, Viriginian e Olympic estavam também próximos à cena, de acordo com as informações recebidas por wireless.


Enquanto gravemente danificado, o gigante navio foi reportado como ainda à tona, mas se ele poderia chegar ao porto ou ao banco de areia era incerto. Os oficiais da White Star declararam que o Titanic não estava em perigo imediato de afundar, por causa de seus numerosos compartimentos a prova d'água. 

"Enquanto estamos ainda sem informações definitivas", Mr. Franklin, vice presidente da White Star Line, disse depois à tarde, "nós acreditamos que os passageiros do Titanic chegarão a Halifax, na noite de quarta-feira. Nós temos recebidos mais nenhuma palavra do capitão Haddock, do Olympic, ou de nenhum outro navio aos arredores, mas há confiança de que não houve perda de vidas".

Com o entendimento de que os sobreviventes seriam levados para Halifax, a companhia se dispôs a fornecer trinta vagões de dormir, dois para refeições e muitas camionetas de passageiros deixaram Boston na noite de segunda-feira para Halifax para pegar os passageiros após terem desembarcado. Mr. Franklin supôs que os passageiros do Titanic chegariam a Halifax na quarta-feira. O Departamento de Comércio e Trabalho notificou a White Star Line que inspetores de alfândega e imigração seriam levados de Montreal para Halifax a fim de haver o menor atraso possível em obter os passageiros nos trens.

Segunda-feira à noite o mundo dormiu em paz e em segurança. Uma mensagem sem fio foi finalmente recebida, dizendo:

"Todos os passageiros do Titanic salvos".

Não foi até cerca de uma semana depois a descoberta do fato que esta mensagem foi indevidamente recebida na confusão de mensagens piscando através do ar, e que, na realidade, a mensagem deveria ter dito:

"Foram todos os passageiros do Titanic salvos?"

Com o amanhecer da terça-feira veio as terríveis notícias do verdadeiro destino do Titanic.

The Sinking of the Titanic and Great Sea Disasters: Introdução



O TITANIC


O maior e melhor navio do mundo; em sua viagem inaugural, carregado com uma carga humana de mais de 2.300 almas, colidiu com um enorme iceberg 965 quilômetros a sudeste de Halifax, às 23h40 do domingo 14 de abril de 1912, afundando duas horas e meia depois, levando consigo mais de 1.600 de seus passageiros e tripulantes.








CAPITÃO E.J. SMITH


Do malfadado gigante dos mares; um bravo e experiente comandante que foi levado à sua morte em seu último e maior navio












O NAUFRÁGIO DO TITANIC E GRANDES DESASTRES DO MAR

Um relato detalhado e preciso sobre o desastre marítimo mais terrível da história, construído a partir de fatos reais obtidos daqueles à bordo que sobreviveram.

Incluindo registros de grandes desastres marítimos anteriores, descrições dos desenvolvimentos de aparelhos de segurança e de salva-vidas, uma declaração clara das causas de tais catástrofes e de como evitá-las, o maravilhoso desenvolvimento da construção naval etc.

Com uma mensagem de consolação espiritual do Reverendo Henry Van Dyke, D.D.

Editado por Logan Marshall, autor de "Life of Theodore Roosevelt" etc.

Ilustrado com numerosas fotografias e desenhos autênticos.

DEDICATÓRIA

Às 1.635 almas que foram perdidas no malfadado Titanic, e especialmente àqueles homens heroicos que, ao invés de tentar salvar a si mesmos, ficaram de lado para que aquelas mulheres e crianças pudessem ter suas chances; a cada um deles que isso seja escrito, como foi escrito para Alguém maior - "Ele morreu para que outros vivessem".

"Eu fiquei em transe inimaginável, e uma agonia que não pode ser relembrada" - COLERIDGE


CONSOLAÇÃO ESPIRITUAL DO DR. VAN DYKE AOS SOBREVIVENTES DO TITANIC

O Titanic, o maior dos navios, se foi para seu túmulo no oceano. O que ele deixou para trás? Pense claramente.

Ele deixou dívidas. Vastas somas de dinheiro foram perdidas. Algumas delas são cobertas pelo seguro que será pago. O resto se foi. Toda a riqueza é insegura.

Ele deixou lições. O risco de cruzar o curso do norte quando este está ameaçado por icebergs é revelado. A crueldade de mandar um navio ao mar sem botes salva-vidas o suficiente para acomodar todas as pessoas é exibida e sublinhada em preto.

Ele deixou tristezas. Centenas de corações humanos e lares estão em luto pela perda de entes queridos e amigos. A simpatia universal a qual é escrita em todo rosto e ouvida em toda voz prova que o homem é mais do que os animais que perecem. Isto é uma evidência do divino na humanidade. Por que deveríamos nos importar? Não há razão no mundo, a não ser que há algo em nós que é diferente do cal, do carbono e do fósforo, algo que nos faz mortais capazes de sofrer juntos - "Pois temos todos nós um coração humano".

Mas há mais do que esta colheita de dívidas, lições e tristezas na tragédia do naufrágio do Titanic. Há um grande ideal. Isto é claramente colocado diante a mente e o coração do mundo moderno, para aprovar e acompanhar, ou para desprezar e rejeitar.

Isto é, "Mulheres e crianças primeiro!".

O que quer que tenha acontecido naquela terrível noite de Abril entre o gelo ártico, certamente que foi a ordem dada pelo firme e corajoso capitão; certamente que foi a lei obedecida pelos homens a bordo do navio condenado. Mas por quê? Não há nenhuma lei ou decreto de qualquer nação para fazer cumprir essa ordem. Não há nenhum vestígio de tal regra que possa ser encontrado na história de civilizações antigas. Não há nenhuma autoridade para isso entre as raças pagãs hoje. Em um navio chinês, se pudermos acreditar que é o informe de um representante oficial, a regra seria "Homens primeiro, crianças depois e mulheres por último".

Certamente não há argumento contra esta bárbara regra com bases físicas ou materiais. Na média, um homem é mais forte que uma mulher, ele vale mais que uma mulher, ele tem uma expectativa de vida maior que a de uma mulher. Não há nenhuma razão em toda a gama de ciência física e econômica, nenhuma razão em toda a filosofia do Super-Homem, por que ele deveria dar seu lugar em um bote salva-vida a uma mulher?

Da onde, então, essa regra que prevaleceu no naufrágio do Titanic veio? Ela veio de Deus, mediante a fé em Jesus de Nazaré.

É o ideal de sacrifício próprio. É a regra de que "os fortes devem suportar a fraqueza dos que são fracos". É a revelação divina que é resumida nas palavras: "Ninguém tem amor maior do que este, de dar alguém sua vida a seus amigos".

É preciso uma trágica catástrofe como o naufrágio do Titanic para trazer à tona a absoluta contradição entre este ideal e todos os conselhos do materialismo e do oportunismo egoísta.

Eu não digo que a semente deste ideal não possa ser encontrada em outras religiões. Eu não digo que elas são contra isso. Eu não peço que nenhum homem aceite minha teologia (que cresce tão curta e tão simples quanto eu cresço), a não ser que seu coração o conduza a ela. Mas isto eu digo: o ideal de força do forte lhes é dada para proteger e salvar os fracos, o ideal que dá vida a regra de "Mulheres e crianças primeiro", está em harmonia essencial com o espírito de Cristo.

Se o que Ele disse sobre nosso Pai no Céu é verdade, este ideal é extremamente razoável. Caso contrário, é difícil encontrar argumentos para isso. A tragédia dos fatos define a questão claramente diante de nós. Pense sobre isso. Este ideal é para sobreviver e prevalecer em nossa civilização, ou não?

Sem isso, sem dúvida, podemos ter riquezas, poder e domínio. Mas que mundo para se viver!

Somente através da crença de que os fortes são obrigados a proteger e salvar os fracos por que Deus quer assim, podemos ter esperança de manter auto-sacrifício, amor, heroísmo, e todas as coisas que nos faz felizes por viver e não ter medo de morrer.
HENRY VAN DYKE.

PRINCETON, N.J., 18 de Abril de 1912.

sábado, 12 de setembro de 2015

The Sinking of the Titanic and Great Sea Disasters: Fatos Sobre o Naufrágio do Titanic

FATOS SOBRE O NAUFRÁGIO DO TITANIC



Número de pessoas a bordo: 2.340; 
Número de botes salva-vidas: 20;
Capacidade de cada bote salva-vida: 50 passageiros e 8 tripulantes;
Capacidade máxima dos botes salva-vidas: cerca de 1.100;
Número de botes salva-vidas naufragados durante o lançamento: 4;
Capacidade de botes salva-vidas lançados seguramente: 928;
Número total de pessoas salvas pelos botes salva-vidas: 711;
Número de mortos nos botes salva-vidas: 6;
Número total de salvos: 705;
Número total de perdas no Titanic: 1.635.

A causa do desastre foi uma colisão com um iceberg na latitude 41.46 norte, longitude 50.14 oeste. O Titanic teve repetidos avisos de presença de gelo nessa parte do curso. Dois avisos oficiais foram recebidos definindo a posição de campos de gelo. Foi calculado no Titanic que ele chegaria aos campos de gelo a mais ou menos 23h00 da noite de domingo. A colisão ocorreu à 23h40. No momento o navio estava viajando a uma velocidade entre 21 e 23 nós, ou 41 quilômetros, por hora.

Não houve detalhes de marinheiros designados para cada barco.

Alguns botes deixaram o navio sem marinheiros o suficiente para comandar os remos.

Alguns botes não estavam com mais que meia lotação de passageiros.

Os botes não tinham provisões, alguns deles não tinham estoque de água, alguns estavam sem equipamento de navegação ou bússolas.


Em alguns botes, que levavam velas embrulhadas e amarradas, não havia uma pessoa com faca para cortar as cordas. Em alguns botes as velas no fundo foram arrancadas e as passageiras mulheres foram obrigadas a tamparem com suas mãos os furos para impedir que os botes inundassem e afundassem.

O capitão, E.J. Smith, almirante da frota da White Star, afundou com seu navio.

Livro: The Sinking of the Titanic and Great Sea Disasters - Tradução



O livro "The Sinking of the Titanic and Great Sea Disasters" foi um livro lançado ainda em 1912 pelo americano Logan Marshall. Por ter sido produzido no ano do naufrágio, Marshall pôde entrevistar os sobreviventes do desastre e teve acesso a vários documentos sobre o Titanic, incluindo diagramas, mapas e fotografias reais relacionadas a tragédia. O livro possui informações sobre o navio em si, além de narrar de uma forma humana os acontecimentos durante e após o naufrágio, revelando como ele afetou de forma profunda as vidas dos sobreviventes. O inquérito americano aberto para investigar o naufrágio também é detalhado no livro, tendo inclusive os relatos das testemunhas.

Como não consegui achar uma versão dele em português e por achar que este livro é algo que todos aqueles que admiram a história do Titanic deveriam ler ao menos uma vez, decidi traduzir ele e o publicar aqui em partes (capítulos).

As imagens que acompanharão os textos traduzidos não são necessariamente as mesmas que estão presentes no livro, nem tampouco estão necessariamente no mesmo local que se encontram no livro; muitas apenas servirão para ilustrar a publicação e tornar a leitura mais agradável. A formatação também não será necessariamente a original.

Alguns dados presentes no livro também serão modificados para melhor entendimento do leitor, como por exemplo a mudança da medida de milhas (original) para quilômetros.

Não sou fluente em inglês, então por isso peço que caso você encontre um erro na tradução, me avise por comentário e irei arrumar.

O primeiro capítulo será postado ainda hoje em um outro post. Aproveitem a leitura!

domingo, 2 de agosto de 2015

O Titanic II existe mesmo?

Na última semana, vários blogs, sites e até programas de TV noticiaram que um novo navio intitulado Titanic II - uma réplica idêntica do Titanic - faria sua primeira viagem em 2016 de Southampton até Nova York, a mesma rota que o Titanic estava cumprindo antes de afundar em abril de 1912.

Mas, para o desapontamento de alguns, isso tudo não passa de BOATO! Isso mesmo, não existe isso de Titanic II e não existirá por um bom tempo.

Vamos esclarecer os pontos: Como tudo isso surgiu e ganhou tanta repercussão? Em 2012, no ano do centenário do naufrágio do Titanic, um político bilionário australiano chamado Clive Palmer resolveu inovar para chamar atenção da mídia: ele anunciou que estaria, junto com a suposta companhia marítima Blue Star Line, trabalhando na construção do tal Titanic II em algum lugar na China. O interior e o exterior do novo navio seriam quase idênticos ao Titanic de 1912, só que dessa vez com um convés a mais, onde estaria o cassino, shopping etc. A rota seria a mesma que o transatlântico de 1912 estava seguindo, Southampton até Nova York (não há informações se ele também passaria por Cherbourg e em Cobh, antiga Queenstown).

O Titanic II seria incrivelmente idêntico ao Titanic. Seria, pois ele nunca nem saiu do papel.

Agora junte os fatores: Titanic + ano do centenário + político bilionário. Sim, mídia. Os jornais não hesitaram em publicar a bombástica notícia desse novo projeto, afinal é algo que rapidamente ganharia o público, venderia, não importa se era verdade ou não, né? Porém tudo foi por água abaixo (desculpe o trocadilho).

A construção deveria começar no final do ano de 2013, porém até hoje, quase dois anos depois, o projeto ainda nem saiu do papel. Segundo este artigo da BBC, a LRM (Lloyde's Register Marine) foi contratada para estudar e dar continuação ao projeto do Titanic II, porém ela mesmo disse que a única vez que trabalhou em algo relacionado a este projeto foi em 2013, quando estava testando um modelo do novo navio na Alemanha; depois disso nunca mais foi contactada para continuar o trabalho.

E não é só isso: a Deltamarin, a empresa que trabalhava no design do Titanic II, disse que o projeto foi cancelado. "Não há trabalhos com a Blue Star Line".

Clive Palmer ainda disse que o projeto deu uma pausa mas informou que o navio ficará pronto em 2018 (aham, vamos fingir que acreditamos nisso).

A Blue Star Line está abandonada, o site dessa suposta companhia foi atualizado pela última vez ano passado, e como era de se esperar, só há conteúdo - supérfluo - sobre o Titanic II. É no mínimo estranho que o site de uma companhia tão grande (afinal, como uma empresa pequena poderia ser a dona de um empreendimento tão gigantesco como esse?) só tenha coisas relacionadas a um só projeto, não?

Toda essa história já foi desmentida há muito tempo, porém no começo da semana passada um jornalista da UOL que não teve a mínima responsabilidade de pesquisar a fundo toda essa história (ou que provavelmente estava em coma durante todo esse tempo) publicou no site uma matéria espalhando esse boato. Outros jornais viram e, assim como a UOL, não tiveram o profissionalismo de pesquisarem e publicaram também. Isso foi tão longe que até matérias sobre esse projeto passaram em jornais de televisão. Até mesmo a Época publicou a respeito.

É interessante frisar também que sempre falam em "lista de espera". Mas que lista de espera é essa? Quem está nela? Como fazer parte dela? Aaahh, essas perguntas o nosso querido jornalismo prefere ignorar.

Ao menos com isso uma lição dá para aprender: nunca, JAMAIS, acredite no que dizem tanto na internet como em jornais e na televisão sem ao menos questionar o que está sendo dito. Infelizmente a mídia hoje é uma indústria, sendo o dinheiro a coisa que mais importa; a verdade? A divulgação de notícias? Prestação de serviço à sociedade? Ah, isso fica pra segundo, terceiro, quarto plano...

Portanto, se você tem o mínimo de respeito com a história do Titanic e à memória de suas vítimas, não espalhe esse boato, e quando ver alguém espalhando avise: "isso não é verdade". Você estará sendo bem mais útil do que a mídia, acredite.